E Você? O que você faz, quando ninguém te vê fazendo?
Existem evidências, há aproximadamente 160 anos, de que a higienização das mãos reduz a incidência de infecções adquiridas em organizações de saúde.Em meados do século XIX, Dr. Semmelweiss obrigando os alunos de medicina a seguirem um rigoroso procedimento de higiene das mãos, reduziu drasticamente a mortalidade dos recém-nascidos no Hospital Geral de Viena. Como enfermeira-chefe do exército britânico durante a guerra da Criméia (1854 a 1856) Florence Nightingale constatou que a falta de higiene e as doenças matavam grande número de soldados hospitalizados por ferimentos. Suas reformas reduziram drasticamente a taxa de mortalidade no hospital militar.
Em 2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente e identificou seis áreas de atuação para direcionar as ações voltadas à Segurança do Paciente. São seis metas Internacionais de Segurança que visam promover melhorias específicas em áreas problemáticas na assistência.
Uma das metas diz respeito à redução do risco de infecção associado aos cuidados de saúde. A OMS estima que, entre 5% e 10% dos pacientes admitidos em hospitais, adquirem uma ou mais infecções e sugere, entre outras medidas preventivas, a higiene das mãos.
Desde de 2009, a OMS vem promovendo campanhas mundiais especificamente relacionadas a higienização das mãos. Campanhas com o propósito de conscientização dos profissionais de saúde quanto a importância dessa prática durante a assistência à saúde.
Infelizmente, tão substanciais quanto às evidências da importância da lavagem das mãos, são as evidências de que é baixa a aderência dos profissionais a esta prática .
Em 2012, a ANVISA publicou o Relatório sobre Auto Avaliação para Higiene das Mãos demonstrando, entre outros resultados que, 66% das instituições avaliadas não alcançam as suas metas anuais de melhoria à adesão à higiene das mãos.
Mudar o comportamento de adultos, não é uma tarefa fácil. Acredito que, para difundir esta prática de forma eficaz, teremos que conscientizar não só os profissionais de saúde, mas também as crianças (futuros profissionais).
Em casa, o meu filho de 5 anos é o membro da família que mais e melhor higieniza as mãos. Aos dois anos, assistiu um vídeo na escola sobre bactérias e desde então, lavar as mãos foi naturalmente se inserindo em sua rotina assim como outros comportamentos relacionados a sustentabilidade do planeta que dependem muito menos da nossa supervisão, que das convicções que estão se formando.
Investir em educação é uma solução necessária e com resultados a longo prazo. Por hora, precisaremos ser criativos, pacientes e incansáveis para continuar tentando mudar as condições em que os seres humanos funcionam. O Hospital Vila da Serra se dedica incansavelmente, com o apoio do seu Time Ambiente, para mudar esta realidade.
E você? O que faz quando ninguém te vê fazendo?
Texto: Renata Macedo
Publicado originalmente em: http://segurancadocuidado.com | Disponível em: Portal Anvisa, Segurança do Paciente. *Consulta em 09/02/2013.