Nascimento de prematuros é problema crônico no Brasil
Uma criança que nasce com menos de 37 semanas de gestação (36 semanas e seis dias) é considerada prematura ou pré-termo. No Brasil, os nascimentos prematuros correspondem a cerca de 6,5% a 9% do total e, seguindo a tendência de outros países, os números têm crescido nos últimos anos. “É um sério problema de saúde pública e privada, pois corresponde a um número significativo da mortalidade infantil”, analisa o obstetra Frederico Amedee Peret.
Ele informa que o prematuro pode ser classificado de acordo com a idade da gravidez, sendo o prematuro limítrofe ou tardio aquele nascido entre 37 e 38 semanas. O moderado é aquele nascido entre 31 e 36 semanas, já o prematuro extremo nasce entre 24 e 30 semanas de idade gestacional. “A maioria dos casos são causados pelo chamado trabalho de parto prematuro espontâneo, ou seja, contrações uterinas e/ou ruptura da bolsa amniótica fora do período adequado para o parto”, explica Peret. Outra causa importante é o denominado parto prematuro terapêutico, que é iniciado por alguma complicação do feto e/ou da mãe, com risco para a gravidez e a vida de ambos.
Os maiores fatores de risco para o trabalho de parto prematuro são:
- História de parto prematuro e ou bolsa rota prematura em gravidez anterior;
- Gravidez múltipla;
- Problemas no colo do útero prévios e ou diagnosticados durante a gravidez;
- Ausência ou deficiência do pré-natal;
- Hábitos de vida: stress, tabagismo e drogas;
- Infecção urinária e corrimentos infecciosos não tratados;
- Hipertensão, diabetes e outras doenças maternas;
- Obesidade;
- Insuficiência da placenta com redução do crescimento do feto.
Chances de sobrevivência
As possibilidades de sobrevivência desses bebês estão condicionadas ao peso, à idade gestacional, às condições clínicas ao nascer e, principalmente, às complicações que eles podem apresentar, como problemas respiratórios, cardíacos, intestinais ou cerebrais. O médico conta que dentre todos esses fatores, o mais importante é a idade gestacional, uma vez que ela determina a maturidade da criança. “Atualmente, considera-se viável um recém-nascido prematuro a partir das 24-25 semanas, sendo difícil prever sequelas, pois muitas delas só poderão ser diagnosticadas durante a infância”, ressalta Peret.
Atualmente é possível diagnosticar de forma mais precoce o risco de parto prematuro espontâneo no pré-natal através da identificação de fatores de risco (histórico pessoal e da família, presença de infecções etc), do exame obstétrico e da ultrassonografia direcionada para identificação de risco.
Também é possível instituir tratamentos preventivos em alguns casos, como o controle de infecções e o uso moderado da progesterona (em pacientes com fatores de risco muito bem determinados). “Entretanto nada disso é possível sem adequados e responsáveis preparos pré-concepcional e pré-natal. Essa é a melhor prevenção”, enfatiza o profissional.
Autor: Dr. Frederico Peret coordenador do serviço de gestação de alto risco do HVS.